DE ONDE VÊM OS SOBRENOMES DOS BRASILEIROS?

A maior parte dos sobrenomes que circulam no Brasil é de origem portuguesa e chegou aqui com os colonizadores. A maioria tem origem geográfica. Ou seja, no local em que a pessoa nasceu ou em que morava. Desta forma, Guilherme, nascido ou vindo da cidade portuguesa de Coimbra, passou a ser, como seus parentes, Guilherme Coimbra. Assim, também Varela, Aragão, Cardoso, Araújo, Abreu, Guimarães, Braga, Valadares, Barbosa e Lamas eram nomes de cidades ou regiões que identificavam os que lá nasceram, passando a funcionar, com o tempo, como sobrenomes.

Alguns desses sobrenomes, aliás, não se referem a localidades, mas a simples propriedades rurais onde um determinado tipo de plantação era privilegiado. Por exemplo, os moradores de uma Quinta em que se cultivavam oliveiras passaram a ser conhecidos como Oliveira, o mesmo acontecendo com Pereira, Macieira e tantos outros.

Outra origem de sobrenomes foram as alcunhas ou apelidos atribuídos a uma pessoa para identificá-la e que depois se incorporava a seu nome como se dele fizesse parte. É o caso de Louro, Calvo e Severo, por exemplo. Muitos nomes de família se originaram também de nomes de animais, fosse por traços de semelhança física ou de características de temperamento: Lobo, Carneiro, Aranha, Leão e Canário são alguns deles. Também por derivação foi possível formar sobrenomes. Fernandes, por exemplo, seria, na origem, o filho de Fernando; assim como Rodrigues, o filho de Rodrigo; Álvares, o de Álvaro.

Negros africanos, que vieram para o Brasil como escravos e dos quais tantos de nós descendemos, foram obrigados a deixar para trás seu passado, seu nome e a identificação de sua origem tribal. Aqui foram batizados com um nome cristão e os sobrenomes que recebiam muitas vezes eram os mesmos de seus senhores. Quando isso não ocorria, os senhores lhes davam sobrenomes de origem religiosa, como Batista, de Jesus, do Espírito Santo.

Também o leigo "da Silva" (silva em latim é selva, o que significa que a pessoa assim denominada tinha origem imprecisa, não se sabia ao certo de que cidade ou região ela procedia foi fartamente atribuído àqueles que não traziam consigo um nome de família. Não é, portanto, por acaso que Silva é hoje no Brasil o sobrenome mais comum, aquele usado pelo maior número de cidadãos, dentre os quais os atuais presidente e vice-presidente da República.

Situação semelhante ocorreu com os indígenas como essa cultura sempre relacionou o sobrenome do indivíduo com a tribo à qual pertencia, é comum ainda hoje que um cidadão de origem indígena seja registrado, por exemplo, como Galdino Pataxó ou Marcos Terena.

Observar as variadas origens dos sobrenomes brasileiros nos leva a notar que muitos povos se uniram para formar a nossa nação. Aos numerosos Silvas, brasileiríssimos, aos Lisboas e Guimarães que aqui chegaram há quase cinco séculos, vieram com o tempo juntar-se os descendentes dos imigrantes Abdala (árabe), Levy (judaico), Calmon (francês), Abbott (inglês), Fomm (prussiano), Schmidt (alemão), Ferretti (italiano) e inúmeros outros que tanto contribuíram para a formação de nossa cultura, que é riquíssima.

Essa diversidade cultural, motivo de nosso orgulho, expressa pela variedade de sobrenomes, nos faz pensar também na nossa maravilhosa e surpreendente unidade lingüística: um país do tamanho do Brasil, habitado por uma população de origem tão variada, como se pode verificar por uma simples análise dos sobrenomes, fala de norte a sul um único idioma. Os Batistas e os Abramovitchs, os Lopes e os Smiths conversam, discutem, contam piadas e trocam juras de amor na mesma língua em que pronunciaram as primeiras palavras, em que aprenderam as primeiras letras na escola, em que cantaram músicas e ouviram notícias pelo rádio e pela televisão.

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