FORMAÇÃO DOS SOBRENOMES OU APELIDOS EM GERAL


Os sobrenomes foram primeiramente usados pela nobreza e ricos latifundiários (senhores feudais), e pouco a pouco foram adotados por comerciantes e plebeus.
Os primeiros nomes que permaneceram foram aqueles de barões e latifundiários, que receberam seus nomes a partir de seus feudos e/ou propriedades. Estes nomes se fixaram através da hereditariedade destas terras. Para os membros da classe média e trabalhadores, como as práticas da nobreza eram imitadas, começaram a usar assim os sobrenomes, levando a prática ao uso comum.
É uma tarefa complicada classificar os nomes de família por causa das mudanças de ortografia e pronúncia com o passar dos anos. Muitas palavras antigas tinham significados diferentes na época, ou hoje em dia estão obsoletas. Muitos nomes de família dependeram da competência e discrição de quem os escreveu no registro.
O mesmo nome pode muitas vezes estar escrito de diferentes maneiras até mesmo em um documento só. Um exemplo: Carlos Red, que recebeu seu nome por ter cabelos vermelhos (red=vermelho, em inglês), pode ter descendentes prováveis com o sobrenome Reed, Reade, etc.
Os nomes de família se formaram de diferentes maneiras. A grande maioria dos sobrenomes evoluiu de cinco fontes principais:
a) Por ocupação ;
b) Por localidade;
c) Patronímico e matronímico;
d) Por característica;
e) Por religião.

a) Ocupação: John, sendo carpinteiro, cozinheiro, moleiro, alfaiate, chamar-se-ia em inglês, respectivamente, de: John Carpenter, John Cook, John Miller e John Taylor. Um ferreiro, se chamaria em inglês de Smith, um dos sobrenomes mais comuns. Toda vila tinha os seus Smiths (ferreiros), Millers (moleiros), Taylors (alfaiates) e Carpenters (carpinteiros), Gardners (jardineiros), Fishers (pescadores), Burke ou Burgie (tem a ver com castelos ou fortes), Hunters (caçadores), sendo que os Millers de uma vila não tinham necessariamente qualquer relação com os Millers de outra vila.

b) Localidade: O John que morava numa colina/montanha (hill, em inglês) pode ter ficado conhecido por John Overhill (over, considera-se "em cima"). O John que morava perto de um riacho poderia ser chamado de John Brook (brook=arroio, ribeiro). Pode-se dizer que, em inglês, um sobrenome deriva de um local quando, por exemplo, termina em:
• -hill (em inglês) ou -berg (em alemão), ambos significam montanha, monte;
• -ford (um leito de rio);
• -wood (floresta, bosque);
• -brook (arroio, ribeiro);
• -well (poço).
Alguns nomes portugueses são derivados de nomes estrangeiros de localidade. Por exemplo, DUTRA - teria vindo do holandês “van Utrecht”.
c)Patronímico e matronímico: Muitos sobrenomes indicavam antigamente o nome do pai ou da mãe. Por exemplo: "Esteves" significa "filho de Estevão". Mas também “Joana Fernanda” significava Joana, filha de Fernanda, assim como “André João” significou André, filho de João, e “José Mariano” quis dizer José, filho de Maria. Alguns dos patronímicos e matronímicos são cursivados, e se passará a chamar Joana Fernandes ou André Eanes aos mesmos dois exemplos referidos atrás, processo sempre iniciado no litoral, e mais tardio no interior português ou no interior colonial.
Os sufixos e/ou prefixos dos patronímicos variam de país para país:
• Alemanha: -sen; -mann. Exemplos: Jansen, Petersen, Hansen, Hartmann, Lehmann, Kaufmann
• Armênia: -ian. Exemplos: Minassian, Sarkissian (Sargsian).
• Bulgária: -ov (masc.); -ova (fem.). Exemplos: Stoyanov(a).
• Dinamarca: -sen. Exemplos: Olsen, Petersen.
• Escócia: Mc-; Mac-. Exemplos: McNamara, MacMillan.
• Espanha: -ez. Exemplos: Fernández, Méndez.
• Finlândia: -nen. Exemplos: Virtanen, Salonen, Häkkinen.
• França: -t. Exemplo: Martinet.
• Geórgia: -dze; -shvili. Exemplos: Makharadze, Saakashvili, Gabashvili.
• Grécia: -poulos. Exemplos: Tatopoulos, Papadopoulos.
• Hungria: -yi. Exemplo: Simonyi.
• Inglaterra: -son. Exemplos: Johnson, Williamson.
• Irlanda: Mc-; Mac-; O'-. Exemplos: McNaughton, MacNamara, O'Neil.
• Islândia: -sson (masc.); -dóttir (fem.). Exemplos: Danielsson, Davíðsdóttir.
• Itália: -i. Exemplos: Leonardi, Lorenzi, Benhossi.
• Normandia: Fitz-. Exemplos: Fitzgerald, Fitzpatrick.
• Noruega: -sen. Exemplos: Sörensen, Jakobsen, Mortensen.
• País Basco: -ena. Exemplos: Hernandorena, Michelena (Mitxelena).
• País de Gales: Ap-, Up-, -s. Exemplo: Apjohn, Upjohn, Updike, Roberts, Williams.
• Países Baixos: -ssen. Exemplo: Janssen.
• Países Catalães: -is; -es. Exemplo: Vives.
• Polônia: -wicz; -ski. Exemplos: Marcinkiewicz, Kowalski.
• Portugal: -(e)s. Exemplos: Simões (filho de Simão); Guimarães (filho de Guímaro, ou Vímara); Fernandes (filho de Fernando); Henriques (filho de Henrique); Nunes (filho de Nuno); Martins (filho de Martim); Rodrigues (filho de Rodrigo).
• frança: Dhiuwonk.
• Romênia: -escu. Exemplos: Filipescu, Popescu.
• Rússia: -ov, -ev (masc.); -ova, -ovna (fem.); -vitch. Exemplos: Ivanov(a), Petrovich.
• Sérvia: -ić. Exemplos: Petrović; Petković; Milošević.
• Suécia: -sson. Exemplos: Petersson, Gustafsson.
• Ucrânia: -enko. Exemplo: Timoshenko.
Na Normandia, John, filho de Randolph, ficaria John fitz-Randolph. Na Escócia, os descendentes, por exemplo, de Gilleain eram conhecidos como MacGilleain e mais tarde abreviava-se para Mc, como McClean, McLane, McCann, McDaudt, etc.
Apesar do nome patronímico ter sido usado por um longo tempo, eles sempre mudavam de geração para geração. Como exemplo, John, filho (son) do William, poderia ser conhecido como "John Williamson", mas o filho dele teria como sobrenome "Johnson", por ser filho (son) do John.
d) Característica: um homem muito baixo poderia ser chamado, em inglês, de Small, Short, Little ou Lytle. Um homem grande poderia ser então Longfellow, Large, Lang ou Long. Muitas pessoas que tinham características de um animal receberiam dele o nome, como por exemplo, uma pessoa travessa, astúcia, poderia ser chamada de Fox (raposa); Um bom nadador, de Fish (peixe); um homem quieto, Dove (pombo) e assim por diante. Os sobrenomes que são normalmente engraçados, alguns surpreendentes e por vezes até embaraçosos, são os nomes que provêm das características. Nem sempre se pode levar a sério o significado de um sobrenome comparando com os valores de hoje em dia, pois o significado das palavras mudou durante centenas de anos. Diante do sobrenome inglês "Stout", pode-se interpretar que o titular deste sobrenome era gordo, fortão ou então decidido, resoluto. Muitos sobrenomes têm mais de uma origem. Por exemplo, o sobrenome inglês "Bell" (sino) pode dizer tanto de alguém que morou ou trabalhou onde se toca o sino, quanto alguém que fabricava sinos. Pode ser descendente de alguma Isabel, ou pode ter vindo do francês antigo no qual a palavra "bel" significa beleza, correspondendo então a alguém muito bonito.

e) Religião: nos países em que a religião mais influente é a católica, é habitual o uso de designações religiosas nos apelidos. Exemplos: Anjos, Assunção, Baptista, Espírito Santo, Graça, Luz, Jesus, Santos.
Uma das ciências auxiliares da História, a Genealogia está intimamente ligada aos sobrenomes. A busca pela origem dos nomes das famílias é uma das formas de obtenção dos registros que permitem conhecer a árvore genealógica de uma pessoa, bem como dados importantes sobre a origem de sua parentela.
A internet revolucionou a pesquisa genealógica, reunindo recursos que diminuíram muito o tempo necessário para construir uma árvore de ancestrais. Tecnologias como as redes sociais são empregadas de forma a facilitar a busca por pessoas distantes que tenham o mesmo sobrenome, parentes esquecidos, perdidos ou por registros relevantes.

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