Culinária paranaense

Barreado- Comida típica do Paraná


Ao observarmos mais aprofundadamente e analisarmos a história e o desenvolvimento da alimentação humana, que se expressa na culinária característica de cada povo, temos que redimensionar nosso olhar para inúmeros outros elementos que devem ser conhecidos. O homem se correlaciona com o território; a princípio, coletando da natureza o que esta lhe dá como alimento. Num segundo momento, cultiva a terra e produz a partir do que em sua sociedade gerou como conhecimento e de acordo com o que este e a natureza podem dar.

Nessa relação socializada se gera uma cosmogonia, na qual a culinária se vê inserida naturalmente. Em todas as sociedades humanas, sobretudo nas tradicionais que ainda hoje permanecem, os rituais possuíam inúmeras dimensões nas quais os alimentos estão presentes, como em festas do plantio e da colheita ou em danças e cantos ritualísticos, cuja bebida e alimento são elementos fundamentais de saudação do trabalho, da arte e da alma populares, ou de religamento com as divindades.

Os índios guaranis do Paraná até os dias atuais realizam festas dedicadas à colheita do milho e à preparação dos bolos de milho com mel; celebrações que representam a manutenção das relações com os antigos mitos, a sobrevivência e a preparação para um futuro sempre promissor.

Muito dos elementos envolvidos na culinária são intangíveis e vem de antigos conhecimentos históricos, muitas vezes esquecidos, que se dão de forma espontânea nessas preparações e celebrações do alimento. Uma dieta alimentar também demonstra processos de adaptação social às necessidades impostas pela natureza, representa a produção e as condições do trabalho, além dos intercâmbios históricos entre as sociedades humanas. A América, por exemplo, não conhecia a maioria dos frutos que consome, bem como o arroz, o feijão, o café; assim como os europeus, antes do primeiro contato com os ameríndios, não conheciam a mandioca, o tomate, o chocolate, o milho e o tabaco.

As culturas, portanto, se modificam, tanto por transformações internas desencadeadas ao longo do tempo, como por influências de outras culturas. As conquistas, guerras e intercâmbios comerciais introduzem novos elementos nas sociedades humanas. Uma parte significativa dos alimentos consumidos nas culinárias tradicionais do mundo, mesmo em algumas exóticas, foi introduzidas por colonizadores, viajantes e comerciantes. As transformações, que nos dias atuais se processam aceleradamente como nunca antes, são parte inerente da história dos povos.

Na culinária se veem expressos também esses processos históricos, materiais e imateriais, que se revelam nos saberes e na memória coletiva e individual. Essa memória que é, ao mesmo tempo, olfativa, degustativa, visual, tátil e, por outro lado, artística e fabril faz com que povos e lugares tenham características singulares e próprias. A culinária, assim como as outras expressões da cultura, celebra essas sociedades e lugares.





Receita:

Matambre enrolado



Aprenda uma deliciosa receita paranaense de matambre enrolado, carne de boi recheada com ervas e legumes.

Ingredientes:

1 e 1/2 kg de matambre

1 maço médio de cheiro verde

3 cebolas médias

4 dentes de alho

1 pimenta dedo-de-moça picada

100 g de bacon picado

250 g de linguiça de porco picada

Óleo de soja para fritar

Sal a gosto



Modo de Preparo:

Lave a carne, seque-a, retire as aparas e tempere-a com sal dos dois lados. Reserve. Lave o cheiro-verde, separe somente as folhas e pique finamente. Descasque as cebolas e pique-as em pedaços bem pequenos. Descasque o alho e corte em tiras finas. Numa superfície lisa, abra a carne com a parte gordurosa para baixo. Espalhe o cheiro-verde, as cebolas, o alho, a pimenta, o bacon e a lingüiça. Enrole a carne como um rocambole e amarre com um barbante bem grosso. Prenda bem para o recheio não escapar. Coloque 1 litro de óleo na panela de pressão, disponha o matambre, tampe a panela e leve ao fogo por 2 horas. Na metade do tempo de cozimento, retire a panela do fogo e vire o matambre de lado. Disponha a carne numa travessa, retire o barbante e corte em fatias de 2 a 3 cm de largura.

Dicas: O matambre (carne localizada entre o couro e a costela do boi) é tradicionalmente assado no braseiro, coberto com papel-alumínio (a 50 cm de distância da brasa) por 5 horas, virando-se a carne a cada meia hora. Depois elimina-se o papel-alumínio e deixa a carne dourar por mais 1 hora.

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