O NOME



A escolha do nome de uma pessoa, embora hoje em dia a maior parte das pessoas a faz de forma leviana, era objeto de grandes preocupações no passado por ser vista como um presságio, isto é, como se o nome fosse influir no futuro e caráter da pessoa.



O nome é o que identifica a pessoa numa sociedade. Do ponto de vista jurídico é essencial, pois é com ele que o indivíduo adquire bens, participa de associações, abre contas bancárias e tira documentos de identidade. Tem duas partes: o prenome (que é nome próprio) e o patronímico, ou nome de família, mais conhecido por sobrenome, que é adquirido por filiação, casamento ou via processo. A mulher que pegou o sobrenome do marido perde o direito de usá-lo em caso de divórcio, a não ser em situações especiais previstas em lei.



No primeiro ano após a maioridade, uma pessoa pode requerer a alteração de seu nome, desde que tenha motivo e raramente por sentença judiciária. O prenome pode ser alterado apenas quando é claro que este nome expõe seu titular ao ridículo.



O nome é obrigatório para qualquer ato público, embora haja exceções em lei eleitoral nos casos em que o candidato é mais conhecido por outro nome ou apelido. Nos atos privados, admite-se o nome fictício, ou pseudônimo, muito utilizado em literatura, como por exemplo, Voltaire (François-Marie Arouet); nos esportes, como Pelé (Edson Arantes do Nascimento); nas artes cênicas, como Fernanda Montenegro (Arlete Pinheiro), entre outros.







COMO OS NOMES SURGIRAM:







Já aconteceu com você de ver o seu nome escrito errado em algum lugar, não é mesmo? Talvez em alguma carta, inscrição, bilhete... se o seu sobrenome tem origem estrangeira, quais são os erros típicos que você já viu ou pronúncias incorretas associados ao seu nome? Isso choca qualquer um, afinal, é o seu nome, sua identificação no mundo. Se você conhecer mais sobre a origem dos sobrenomes poderá ter ideia de onde certa família descende, no que trabalhavam ou conhecer algumas características dos ancestrais dessa família.



Até onde eu li e consegui informação, os primeiros a adquirirem sobrenomes foram os Chineses. Algumas lendas sugerem que o Império Fushi decretou o uso de sobrenomes, ou nomes de famílias, por volta de 2.852 a.C. Os chineses tinham normalmente 3 nomes: o sobrenome, que vinha primeiro e era uma das 438 palavras do sagrado poema chinês "Po-Chia-Hsing". O nome de família vinha em seguida, tirado de um poema de 30 personagens adotados por cada família. O nome próprio vinha então por último.



Nos tempos antigos os romanos tinham apenas um nome. No entanto mais tarde passaram a usar três nomes. O nome próprio ficava em primeiro e se chamava "praenomen". Depois vinha o "nomem", que designava o clã. O último nome designava a família e é conhecido como "cognomen". Alguns romanos acrescentavam um quarto nome, o "agonomen", para comemorar atos ilustres ou eventos memoráveis. Quando o Império Romano começou a decair, os nomes de família se confundiram e parece que os nomes sozinhos se tornaram costume mais uma vez.



Durante a Idade Média, as pessoas eram conhecidas somente pelo nome próprio. Mas a necessidade de adicionar outro nome para distinguir as pessoas de mesmo nome ganhou popularidade. Então adicionavam alguma característica, ou função que a pessoa exercia, ou então usavam o nome do pai. No século XI o uso de um segundo nome se tornou tão comum que em alguns lugares era considerado vulgar não ter um. Mas mesmo tendo sido o começo para todos os sobrenomes que existem hoje, grande parte dos nomes usado na Idade Média não tem a ver com a família, isto é, nenhum era hereditário.



Em respeito aos nomes hereditários, isto é, os nomes que eram passados de pai para filho, são difícil dizer com exatidão quando foi que eles surgiram, pois foi uma prática que se desenvolveu com o passar de centenas de anos...



O uso moderno dos nomes hereditários é uma prática que se originou lá pela aristocracia veneziana, na Itália, por volta do século X ou XI. Os exploradores, voltando das terras Sagradas e passando pelos portos da Itália (afinal, os portos da Itália eram naquela época a única maneira de ir para o Oriente, portanto tudo passava por lá... só lá pelo século XIV, XV é que se iniciaram as famosas Cruzadas, onde então o caminho pelo Atlântico contornando a África foi 'descoberto'), tomaram nota deste costume e o espalharam pela Europa. A França, as ilhas Britânicas, e então a Alemanha e Espanha começaram a aplicar esta prática a fim de distinguir os indivíduos que havia se tornado importante. Pelos anos de 1370 já se encontra a palavra "sobrenome" em documentos, nas línguas locais.



O governo passou a usar cada vez mais papéis, documentos, e deixar registrados seus atos entre todo o mais. Assim cada vez mais foi importante identificar com exatidão as pessoas. Em algumas comunidades nos centros urbanos, os nomes próprios não eram mais suficientes para distinguir as pessoas. No campo, com o direito de sucessão hereditária de terras, era preciso algo que indicasse vínculo com o dono da terra, senão como os filhos ou parentes iriam adquirir a terra, já que qualquer pessoa com o mesmo nome poderia se passar por filho? Acredita-se que até o ano de 1450 a maior parte das pessoas de qualquer nível social tinha um sobrenome hereditário, fixo. Este sobrenome identificava a família, provendo assim uma ligação com o passado desta família, e preservando sua identidade no futuro.



Até nem é surpresa o fato de que antigamente a prioridade das famílias era ter filhos homens, para manter o nome, afinal, os filhos homens eram quem passavam o sobrenome para as novas gerações, e era muito desgosto para uma família não ter nenhum descendente homem.



No começo dos séculos XV e XVI os nomes de família ganharam popularidade na Polônia e na Rússia. Os países escandinavos, amarrados ao seu costume de usar o nome do pai como segundo nome, não usaram nomes de família antes do século XIX. A Turquia esperou até 1933, quando o governo forçou a prática de sobrenomes a ser adotado em seu povo.



Os sobrenomes foram primeiramente usados pela nobreza e ricos latifundiários (senhores feudais), e pouco a pouco foram adotados por comerciantes e plebeus. Os primeiros nomes que permaneceram foram aqueles de barões e latifundiários, que receberam seus nomes a partir de seus feudos e/ou propriedades. Estes nomes se fixaram através da hereditariedade destas terras. Para os membros da classe média e trabalhadores, como as práticas da nobreza eram imitadas, começaram a usar assim os sobrenomes, levando a prática ao uso comum.



É uma tarefa complicada classificar os nomes de família por causa das mudanças de ortografia e pronúncia com o passar dos anos. Muitas palavras antigas tinham significados diferentes na época, ou hoje em dia estão obsoletas. Muitos nomes de família dependeram da competência e discrição de quem os escreveu no registro. O mesmo nome pode muitas vezes estar escrito de diferentes maneiras até mesmo em um documento só. Um exemplo: Carlos Red, que recebeu seu nome por ter cabelos vermelhos (red=vermelho, em inglês), pode ter descendentes prováveis com o sobrenome Reed, Reade, etc.







FORMAÇÃO DOS SOBRENOMES:







Os nomes de família chegaram até nós de diferentes maneiras. A grande maioria dos sobrenomes evoluíram de 4 fontes principais:



Ocupação: John, sendo carpinteiro, cozinheiro, moleiro, alfaiate, se chamaria em inglês, respectivamente, de: John Carpenter, John Cook, John Miller e John Taylor. Um ferreiro, se chamaria em inglês de Smith, um dos sobrenomes mais comuns. Toda vila tinha os seus Smith (ferreiro), Millers (moleiros), Taylors (alfaiates) e Carpenters (carpinteiros), sendo que os Millers de uma vila não tinham necessariamente nenhuma relação com os Millers de outra vila.



Localidade: O John que morava numa colina/montanha (hill, em inglês) pode ter ficado conhecido por John Overhill (over, considera-se 'em cima'). O John que morava perto de um riacho poderia ser chamado de John Brook (brook=arroio, ribeiro). Você pode dizer que um sobrenome deriva de um local quando, por exemplo, termina com:



-hill (em inglês) ou -berg (em alemão), ambos significam montanha, monte;



-ford (um vau*);



-wood (floresta, bosque);



-brook (arroio, ribeiro);



-well (poço);



e assim por diante.



*vau - um lugar num rio onde se pode passar a pé.



Patronímico (nome do pai): Muitos sobrenomes podem ser reconhecidos como patronímicos pela terminação "Son", que significa "filho", em inglês. Por exemplo: Jackson (Jack-son=filho do Jack); Willianson, Anderson, etc... Abaixo, outras terminações usados em outros países que correspondem a "SON" (filho):



Armênia = -ian



Dinamarca e Noruega = -sem



Finlândia = -nen



Grécia = -poulos



Espanha = -ez



Polônia = -wiecz



Prefixos que significam "SON":



Gália (galeses) = Ap



Escócia e Irlanda = Mac



Normandia = Fitz



Na Normandia, John, filho do Randolph, ficaria John fitz-Randolph.



Na Escócia, os descendentes, por exemplo, de Gilleain eram conhecidos como MacGilleain e mais tarde abreviava-se para Mc, como McClean, McLane, e etc...



Apesar de o nome patronímico ter sido usado por um longo tempo, eles sempre mudavam de geração para geração. Como exemplo, John, filho (son) do William, poderia ser conhecido como "John Williamson", mas o filho dele teria como sobrenome "Johnson", por ser filho (son) do John.



Característica: um homem muito baixo poderia ser chamado, em inglês, de Small, Short, Little ou Lytle. Um homem grande poderia ser então Longfellow, Large, Lang ou Long. Muitas pessoas que tinham características de um animal receberia o nome dele, como por exemplo, uma pessoa travessa, astúcia, poderia ser chamada de FOX (raposa); Um bom nadador, de FISH (peixe); um homem quieto, DOVE (pombo) e assim por diante.



Os sobrenomes que são normalmente engraçados, alguns surpreendentes e por vezes até embaraçosos, são os nomes que provêm das características. Mas não se chateie se o seu sobrenome significa algo que vc considera ruim (eu descendo de um sobrenome alemão, que traduzindo atualmente, significa 'Hipócrita'). Lembre-se que ele se refere a alguém que viveu a centenas de anos atrás. Nem sempre se pode levar a sério o significado de um sobrenome comparando os valores de hoje em dia, pois o significado das palavras mudou durante centenas de anos. Diante do sobrenome inglês "Stout", você pode interpretar que o titular deste sobrenome era gordo, fortão ou então decidido, resoluto. Muitos sobrenomes têm mais de uma origem. Por exemplo, o sobrenome inglês "Bell" (sino) pode dizer tanto de alguém que morou ou trabalhou onde se toca o sino, quanto alguém que fabricava sinos. Pode ser descendente de alguma Isabel, ou pode ter vindo do francês antigo no qual a palavra "bel" significa beleza, correspondendo então há alguém muito bonito. Complicado?











Fonte: Ondine S. Bruch






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