CERRADO DEVASTADO


Expansão do agronegócio também é o principal motivo para o corte, já superior ao feito na Amazônia


Em Mato Grosso, no Dia Nacional do Cerrado, celebrado no dia 11/09, não há muito o que se comemorar. O Estado é o que concentra mais municípios brasileiros na lista dos que mais desmataram o bioma entre 2002 e 2008. Das 60 cidades que, juntas, foram responsáveis por um terço da devastação nesse período, 14 são mato-grossenses.


Dos 2 milhões de quilômetros quadrados da cobertura original do Cerrado, quase 50% - 48,2% - já foram perdidos nos últimos seis anos. A média é a perda de 1% de vegetação nativa ao ano.


Os dados foram divulgados ontem pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e apontam a gravidade do problema: a degradação do Cerrado já é responsável pelo mesmo nível de emissões de gás carbônico de toda a Amazônia, além de ter desmatado o dobro da quantidade derrubada de floresta.


O valor é o equivalente a 20 mil quilômetros quadrados a cada ano, correspondente ao dobro do que é desmatado na Amazônia. O Cerrado é considerado “a caixa d’água do país”, já que no Centro-oeste brasileiro, onde estão concentrados 50% da área do bioma, estão as nascentes das principais bacias hidrográficas do Brasil.


Os principais impactos, segundo avaliação do MMA, serão a diminuição da oferta de água em todas as bacias e, consequentemente um impacto na produção de energia hidrelétrica. Cerca de 50% da geração desse tipo de energia nos níveis atuais dependem do ciclo das águas em bacias do Cerrado.


Além disso, o MMA calcula a perda da biodiversidade, avaliada atualmente em torno de 12 mil espécies.


De acordo com o pronunciamento do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, “há dez anos, tanto na Amazônia como no Cerrado eram desmatados 20 mil quilômetros quadrados por ano. Por meio dos programas tocados pelo governo, houve a redução, pela metade, do desmatamento no bioma amazônico”.




AGRONEGÓCIO - Os quatro municípios líderes em desmatamento estão na Bahia - Formosa de Rio Preto, São Desidério, Jaborandi e Correntina – na região oeste do Estado. Junto com a área central de Mato Grosso, são considerados os “arcos do desmatamento”.


A causa está, segundo o MMA, na expansão das lavouras de cana-de-açúcar, soja, pecuária, além da produção de carvão e das queimadas tanto naturais quanto provocadas. Por conta disso, a expectativa do ministro Minc é de que haja maior resistência por parte desses setores do agronegócio.


Para combater a degradação do Cerrado, o governo federal lançou ontem o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado (PPCerrado), que pretende aumentar o número de operações de fiscalização e controle, além da oferta de alternativas econômicas para quem se beneficia do desmate ilegal.


Além de frear o desmate, o governo federal quer aumentar o percentual de áreas de preservação no Cerrado. Atualmente, a soma de unidades de conservação federais e estaduais corresponde a 7,5% da área total do bioma. A meta é chegar a 10%. (Com Agência Brasil)

Fonte: STEFFANIE SCHMIDTEspecial para o Diário

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