MUNICÍPIOS PARANAENSES DE ORIGEM TUPI
ANDIRÁ: nome Tupi no morcego, o que o liga à área semântica da fauna.
ARAPONGA: Como nome comum, a palavra designa um pássaro das família dos cotingídeos (Procnias nudicolis). Desse sentido primitivo, foi transferido semanticamente para o homem, como alcunha. Daí, passou a designar famílias e, no plural, o tópico municipal paranaense. Formada pela justaposição de ará, ‘ave’ - ponga, gerúndio supino do verbo pong, ‘fazer ruído’; donde: ‘ave de canto sonante’”.
ASSAÍ: Forma simples que nomeia a fruta ácida da palmeira Euterpe oleracea, de que se faz suco, o que a liga semanticamente à flora. A ortografia vigente determina que seja escrita de outra forma: açaí.
CAMBARÁ: Forma simples, variação lingüística de camará, designação comum a várias plantas das famílias das verbenáceas e das solanáceas, especialmente a Moquina polymorpha, o que a liga semanticamente à flora.
CURITIBA: O nome da capital paranaense é uma lexia formada pela justaposição dos seguintes lexemas Tupi: kuri, ‘pinheiro’, + tyba, ‘muito, lugar onde há muito’; donde: ‘sítio onde há muitos pinheiros, pinhal’; o que o liga semanticamente à flora.
GUAÍRA: Sampaio (1957) lhe aponta por étimo a expressão kûá-y-rã, “passar não há de”, e informa que, conforme Batista Caetano, guaíra era o nome Tupi para o salto das sete quedas. Correta essa interpretação, a lexia tem originalmente uma formação lexical complexa e está ligada semanticamente aos acidentes geográficos.
GUARANIAÇU: Nome composto da justaposição de guarani, etnônimo indígena, e de açu, grande; donde: ‘o grande guarani’, o que o liga semanticamente à cultura.
GUARAPUAVA: Sampaio (1957) aponta duas justaposições como possíveis étimos para este nome: guará-poaba, ‘rumor dos guarás’; ou guirá-poaba, ‘rumor dos pássaros’, ambos os quais ligam-no semanticamente à fauna. Ferreira (1997:331) informa um sentido curioso desta lexia na área dialetal do Estado de São Paulo: “cavalo árdego, espantadiço e pouco resistente”.
IBATI: Forma simples designativa do milho, em Tupi, o que a liga semanticamente à flora. Há registros entre cronistas e jesuítas dos séculos XVI e XVII da variante ibatim.
IBIPORÃ: Nome composto da justaposição de ybi, ‘terra’ + porã, ‘habitante’; donde: ‘o habitante da terra’, o que o liga semanticamente à cultura.
IGUAÇU: Em português, já como topônimo, esta palavra nomeia um rio da região de fronteira do Brasil com o Paraguai. Desta designação, ele passa a constar em pelo menos dois topônimos municipais paranaenses. Sua origem é a justaposição dos seguintes lexemas Tupi: y, ‘água, rio’, + uaçu, ‘grande’; donde: ‘rio grande, caudal, queda d’água’, o que o liga semanticamente aos acidentes geográficos.
IRATI: Na língua comum, em que também assume a forma iraxim (cf. Ferreira 1997:370), designa uma espécie de abelha brasileira nativa (Trigona limão Smith), o que a liga à fauna. Deriva de alterações fonéticas da forma Tupi eîratim.
IVAIPORÃ: Nome composto da justaposição de ybá, ‘fruta’ + y, ‘rio’ + porã, ‘habitante’; donde: ‘o habitante do rio das frutas’, o que o liga semanticamente à cultura.
JACARÉ: Na língua comum é o nome genérico de várias espécies de répteis crocodilianos, do gênero Caiman. Seu étimo iá-karé, que Silveira Bueno (1978) traduz por ‘aquele que olha de lado, aquele que é torto’, sem dar maiores explicações, sugere uma formação justapositiva. A palavra compõe o topônimo municipal paranaense Jacarezinho, pela justaposição do sufixo diminutivo português -(z)inho.
JAGUAPITA: alteração fonética de jaguapitanga, nome que, na língua comum, designa uma raposa de pelo avermelhado, o que a liga semanticamente à fauna.
JANDAIA (do Sul): Na língua comum, a palavra jandaia nomeia um pequeno papagaio de cabeça, peito e encontros amarelos, o Psittacus surdus. Entra na composição do topônimo paranaense pela justaposição do sintagma “do Sul”. Pelo sentido original de jandaia, pode-se relacionar o topônimo à área semântica da fauna.
MANDAGUARI: Na língua comum, a palavra nomeia uma espécie de abelha brasileira nativa - Nannotrigona (Scciptotrigona) postica Latricelle -, o que a liga semanticamente à fauna. Sampaio (1957) esclarece o étimo desta palavra: mandá-guaí, ‘ninho delicado, bonito’.
MARINGÁ: A que é conhecida por ‘cidade canção’ tem por étimo mais provável algo muito menos doce que o seu epíteto sugere. Parece proceder de alterações fonéticas da forma Tupimarigûã, ‘peneira para pescar’, o que liga o tópico à área semântica da cultura. Ferreira (1997:418) registra-lhe um sentido próprio da fala dos criadores brasileiros: o de qualificativo a bovídeos ou caprinos de pelo claro salpicado de negro.
PARÁNÁ: O único dos três estados sulistas a ter nome de origem Tupi é o Paraná, que vem da justaposição de pará, “caudal”, com anã, “parente, semelhante”; donde: “semelhante ao caudal, mar”, o que o liga semanticamente aos acidentes geográficos. Ferreira (1997:482) registra dois sentidos desta forma na variedade amazônica de português do Brasil, como nome comum: “braço de rio caudaloso, separado deste por uma ilha; caudal que liga dois rios.
PARANAGUÁ: Nome formado pela justaposição de paraná, Paraná (v.), + guá, ‘enseada, baía’; donde: ‘enseada ou baía do mar’, o que a liga semanticamente aos acidentes geográficos.
PARANAVAÍ: Nome formado pela justaposição de paranaguá (v.) + y, ‘rio’; donde: ‘rio da enseada do mar’, o que a liga semanticamente aos acidentes geográficos.
PIRAÍ: Resultado da justaposição de pirá, “peixe”, + y, “rio”; donde: “rio dos peixes”, compõe o topônimo municipal paranaense Piraí do Sul, ligando-o semanticamente aos acidentes geográficos. Ferreira (1997:507) registra-lhe um outro sentido, também correto: “peixe pequeno”, de pirá, “peixe”, + im, “pequeno”.
PORECATU: Não é totalmente certa a procedência Tupi deste topônimo. Pode ser guarani. Sendo uma voz Tupi, seu provável étimo é boré, ‘instrumento de sopro indígena, semelhante a uma flauta ou apito, + katu, ‘bom’; donde: ‘a boa flauta’, o que o ligaria semanticamente à cultura.
TAMANDARÉ: resultado da aglutinação de taman-duá, ‘tamanduá’, + ré, ‘verdadeiro’; donde: ‘o tamanduá verdadeiro’, o que a liga semanticamente à fauna.
UBIRATÁ: Sampaio lhe aponta o étimo a seguinte justaposição: ybirá, ‘pau, árvore’ + itá, ‘pedra, ferro’; donde: ‘pau-ferro’, o que a liga semanticamente à flora.
Fonte: Ricardo Tupiniquim Ramos (UFBA/UNEB) - Dissertação mestrado: Nomes próprios de origem Tupi no Brasil do século XIX.
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