É silencioso. É fascinante. É zen.



Você já se sentou diante de um lago calmo no início da manhã?
É silencioso. É fascinante. É zen.
Eu planejei uma fuga rápida até este parque. Moro bem perto de local e lá há dois lagos que são perfeitos para os patos, gansos, biguás e tartarugas aquáticas. É grande o suficiente para poder abrigas essas aves e répteis quelônios.
O som do riso e alegria das crianças gritando permeia por toda a parte durante os meses de verão. O som dos gansos grasnando e dos biguás fazendo seus mergulhos para capturar suas presas, além de deslocar-se sob as águas com muita fluidez e depois subir e dar voos rasantes ao longo do lago. Como os biguás necessitam de águas limpas para se alimentar, são considerados indicadores biológicos de poluição.
Sábado eu acordei mais cedo que o habitual. O resto da casa ainda estava sob o efeito profundo sono. Nenhum o gato estava desperto e não havia movimento algum no andar de cima. Então fui para fora e me sentei em um banco que fica no jardim do condomínio. Apenas uma menina e seu cachorro estavam perambulando pela calçada. Fiquei por algum tempo depois resolvi ir até o Botânico (assim, é que chamamos o parque Jd. Botânico) e quando entrei fiquei sentado em um banco que fica em frente ao lago. Tudo tranquilo com orvalho fresco.
Fiquei assistindo o nascer do sol que teimava em não aparecer e saia uma neblina do lago. A Brisa suave deitava sobre a superfície da água fazendo uma dança de luzes reflexivas. Sem som. Apenas alguns pássaros, nada mais. Paz. E tranquilidade.
Foi lindo. O tempo parecia que passava sem muitas delongas como se fosse parar por completo. Fiquei sentada ali sentada sozinha com meus pensamentos. E para ver e ouvir o mundo apenas como mera espectadora.
De repente, tudo começou com um ônibus de turistas que estacionou do outro lado do lago. E então umas dezenas de pessoas começaram a desembarcar e vozeavam com um bando de gralhas. E começaram a chegar diversos ônibus lotados de turistas sedentos de ecologia. Adicione mais dois ônibus e ao lado tudo o que você vê e ouve são as vozes e crianças choramingando por querem correr, subir, jogar pipocas ou sem o quê para as aves.
Agora é o som que emana alegria quando as crianças e água são misturadas.
O dia avança e a manhã perto do lago está cheio de pessoas, com seus “anjinhos” ensandecidos por novas aventuras. Começam a aparece aqueles vendedores de bugigangas com seus inúmeros dispositivos infláveis e seus carrinhos de pipocas algodões-doces, maçãs do amor, água de coco e por ai vai. Esses vendedores são um caso a parte. Nos finais de semanas e feriados, lá estão eles sempre com seus conteúdos refrigerados ou nem tanto, mas estão lá, sejam os dias de festas ou os dias quentes de verão.
Voltei-me os olhos para aquela multidão que gritava pelo fulano “ veja que bonito”. “Veja beltrano aquela flor ali”. “Sicrano tira minha fora aqui”. Gostaria de saber como meninas jovens não parecem nunca se cansar e que gargantas e pulmões elas têm.
Quanta energia? Valha-me Deus.
Passa pela minha cabeça dizer algo do tipo “coisa de pobre”. Eu suponho que algum dia eu ainda faço.
Sinceramente, tive um tempo maravilhoso em minha pequena estada diante do lago até chegar intempestivamente essa gente.
Saio dali e vou para o outro. Vejo uma roda de jovens falando ainda mais altos. Acho que é para chamar a atenção daqueles que caminham pelo parque. Observo a cena e dou meia volta, sento embaixo de uma árvore e observo. Ninguém parecia se importar muito com a natureza ou o prazer de estar ali. Fico imaginando como um ser humano pode ser comparado e logo me vei a lembrança de quando era criança e ouvia quando os periquitos faziam a festa nos mangueirais. Já ouviu o barulho dessa ave? Os periquitos verdes fazem um grande alvoroço e seu som é estridente.
O jardim Botânico era o lugar perfeito para passar algum tempo preguiçosamente, quando as temperaturas subiram acima da marca de 25 graus. Após uma temporada de molho sem poder fazer movimentos com meus braços, foi bom ter um lugar de zen para ir. Às vezes é bom apenas para fugir, mesmo que por um curto período de tempo.
Eu tinha como um fim de semana relaxante que realmente me trouxe para casa com um pouco de grama e orvalho do lago.
Se eu sentir a necessidade de voltar para a solidão, ou melhor, para o zen, a paz do lago, eu posso simplesmente caminhar até ele e sentar-me ao seu redor. Se eu colocar meu ouvido e ouvir de pertinho, o som do riso pode ser ouvido. Eu só tenho que pensar nisso. E ele vai estar lá. Zen em uma brisa, em uma planta, em um pássaro. Talvez não seja zen depois de tudo ...mas voilá.
Ah! O biguá é uma ave aquática de plumagem escura, cujo nome científico é Phalacrocorax brasilianus. Tem pés palmados, pernas curtas e fortes, pescoços longos e flexíveis e um bico fino e adunco na ponta. Essa ave de 40 cm de corpo e penas negras é abundante em áreas alagadas de todo o Brasil e de outros países da América do Sul. O Pantanal Mato-grossense tem a maior concentração de Biguás do Brasil. Ali, eles costumam aglomerar-se em determinadas árvores para usá-las como poleiro ou para sustentar os ninhos. Normalmente, nidificam em colônias associadas com as das garças e cabeças-secas.

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