Cadê a Segurança? Gato Comeu...


Participei recentemente, a convite de uma amiga, à reunião organizada pelo Padre Pedro da Paróquia Nossa Senhora de Lurdes, no bairro Jardim Botânico. O assunto – Segurança Pública.
A iniciativa do padre foi de mobilizar as comunidades pertencentes aos bairros atendidos por esta unidade da Policia Militar do Paraná - 20° Batalhão 2ª Cia, comandada pelo tenente-coronel Carlos Alberto Bührer para discutir os problemas de segurança dos bairros em especial bairro Jardim Botânico e, o que poderá ser feito para acabar com o problema que a tempo estamos sofrendo com a violência desenfreada de nossa cidade.
Desta vez os marginais invadiram a casa paroquial duas vezes em menos de um mês e também não pouparam a sede da Associação dos Moradores do Bairro. Entraram na noite de 19/12 onde fizeram uma limpa.
Diante de inúmeros outros casos de assaltos, roubos a mão armada, furtos, roubos de carros, estupros etc é impressionante no somente no Jd. Botânico, mas em outro como Cristo Rei, Bacacheri, Alto da Rua XV, Guabirituba, Boqueirão, Tatuquara, enfim, por toda a grande Curitiba bem como a região metropolitana.
Nessas reuniões, participo de todas que posso, ouço as mesmas coisas. Seja nas reuniões do Conseg (Conselho Comunitário de Segurança), em meu bairro há um, seja nas reuniões da Associação de Bairros.
O Conseg do bairro Cristo Rei foi inaugurado em 2005 e de lá pra cá, pouco ou quase nada mudou por aqui. Continuam os mesmos problemas de roubos, furtos de celulares, ipods, bicicletas, carros, rouba até das pessoas que saem com comprar dos supermercados, sem esquecer é claro, da maldita “droga”.
O bairro Cristo Rei está sendo assolado por todos os tipos de marginais que contaminam a comunidade por contar das duas universidades e três colégios, destes somente um colégio é estadual.
O Conseg Cristo Rei em sua ultima reunião pediu a colaborar da comunidade para mobilizar em pró a segurança e está de forma solícita está pronta a atender.
O que se passa como os nossos bairros? O que a Segurança Pública está fazendo para nos proteger? E os políticos com sua tríade de campanhas - saúde, educação e segurança viraram simplesmente clichê?
Desde antanho, em todas as eleições ouvimos isso. “O povo brasileiro não agüenta mais e clama por segurança, uma saúde digna de ser humano e uma educação de qualidade”. E tem razão. Estamos exaustos, sem perspectivas diante dos descasos de nossas autoridades que se aproveitam por um lado muitas vezes, da ingenuidade dos cidadãos e por outro lado, pela falta de opção a que somos submetidos - a eleger aqueles que ficam muito além das nossas expectativas.
Não importa qual seja a referência, o que importa é a situação de absoluta gravidade. Nossa cidade está numa via de mão única num escalada de violência que precisa ser urgentemente detida. Números alarmantes revelam que há uma precariedade no sistema de segurança da capital e região metropolitana. Curitiba, outrora, era considerada uma capital pacífica, tranqüila, sem problemas de criminalidade e de segurança. Entretanto, já faz um bom tempo que estamos sujeitos aos homicídios, foram 530 em 2002, 612 em 2003, 693 em 2004, 778 em 2005, 874 em 2006 e um terço do total de homicídios ocorridos no ano passado em Curitiba foi registrado em pouco mais de dois meses – no período de 3 de janeiro a 10 de março de 2008. Segundo dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), houve 589 homicídios dolosos no ano passado. Neste ano, de acordo com levantamento feito no Instituto Médico Legal (IML) pela reportagem da Gazeta do Povo, a capital registrou 197 homicídios até o dia 10 de março, de um total de 304 ocorridos na grande Curitiba.
O ritmo de assassinatos neste ano em Curitiba é praticamente o dobro em relação a media mensal de 2007. Seguindo esta escalada de violência, a capital pode chegar perto dos mil homicídios até o fim do ano.
O que vem acontecendo é que cada vez mais as quadrilhas de assaltantes são bem organizadas. Conhecem o movimento da polícia e a rotina de movimento do bairro.
A minha maior indignação quando participo dessas reuniões é saber que nada será feito e saio com a certeza que estamos a deus-dará. É revoltante para qualquer cidadão que paga seus impostos (elevadíssimos) em dia e depois ver em outdoors as propagandas do governo do Estado que tudo por aqui é maravilhoso, perfeito e que funciona com uma engrenagem. Que a segurança nos bairros é eficiente- slogan - “Sua proteção é nosso compromisso”, mas na verdade, o morador não se sente nem mais seguro para abrir as portas pela manhã. Vivemos sitiados em nossas próprias casas com seus paredões, cercas elétricas e com cães de guarda, câmeras de segurança espalhadas e nem mesmos assim escapamos da ação dos ladrões.
Estamos cada ficando sem solução. Andar a pé é verdadeiro convite ao ladrão, se sairmos de carro ficamos a mercê dos assaltos em semáforos, se vamos de bicicleta, corremos o risco de voltar para casa sem a “magrela”, de ônibus... Bem... “Senhores passageiros desembarque pelas portas 2 e 4. Danificar ônibus, terminais e estações tubos encarece a tarifa. Atenção, cuidado com furtos no interior do veículo” é a mensagem de voz nos coletivos que circulam pela cidade.
Sair de casa está se tornando um martírio. Ir ao parque é no mínimo uma aventura. Freqüento o jardim Botânico e a pouco mais de um mês uma pessoa foi assaltada quando caminhava pela manhã. Levaram o celular e uns torçados. Ir ao shopping aos domingos – missão impossível- os “manos” tomam conta. Restaram as igrejas, quer dizer, restavam, agora nem elas, Padre Pedro que o diga.
Curitiba é linda. O meio de transporte maravilhoso, seus parques fenomenais, o clima agradabilíssimo, boas escolas e universidades, bons restaurantes, excelente área verde por habitante (cerca de 55m2), o que a faz ser conhecida como a Capital Ecológica do Brasil. Todavia, paga um preço altíssimo pelo desdém das autoridades políticas e das nossas polícias.
Nessa reunião realizada na Paróquia Ns. Srª. de Lurdes a comunidade pediu insistentemente pela reativação dos módulos policiais que foram desativados, não sei se por questões políticas ou não – não interessa discutir aqui. Acredita-se que esses módulos policiais eram uma referência que as pessoas podiam procurar e fazer suas queixas, registrar ocorrência e, evidentemente, manter e ampliar as estruturas móveis. Porém, a questão mais importante refere-se é ao contingente policial que segundo o comandante do 20º Batalhão – Ten.Cel. Bührer o efetivo que temos hoje nas ruas é o mesmo de 15 anos atrás. Segundo dado a população cresce a 2% ao ano. Os problemas estão crescendo a um ritmo acelerado: o índice de assassinatos é de 12% ao ano na capital. Não podemos mais tentar conter a violência que cresce apenas com o aparelhamento ou o contingente de polícia que há hoje na capital. Por isso a Polícia Militar e a Polícia Civil precisam ser ampliadas. É necessário, sobretudo, qualificar esses agentes que vão para as ruas para que possam oferecer serviço de qualidade e não temor a sua população.
Equipar a polícia é fundamental, mas, principalmente porque os bandidos estão equipados e a polícia precisa estar igual ou mais, de preferência melhor equipada, para chegar antes, para, preventivamente, chegar e punir aqueles que estão se programando para cometer os crimes. O que quero dizer é que, se todas essas providências são necessárias agora, é porque o crime avançou demais, é porque não se tomaram as providências preventivas, e isso revela a falência ou a frustração das políticas públicas que foram colocadas em vigor até agora.
Não dá para considerar políticas públicas eficientes no setor social, especialmente, se nós temos esse quadro em Curitiba.

Então, depende de nos unirmos e vamos batalhar contra essa violência e que a polícia aplicar de fato o seu slogan: Sua proteção é nosso compromisso.
Foto: Eleuzair Cunha - Jd. Botânico Curitiba PR.

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