PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM: DIFERENÇA ENTRE DIFICULDADE, DISTÚRBIO E DEFICIENCIA


Para dar início a esta exposição é necessário definir o que são Problemas de Aprendizagem, mesmo sabendo que as definições construídas ao longo da história do seu estudo são muitas e a cada dia recebem contribuições das mais variadas áreas que hoje se fundem para melhor colaborarem nas intervenções.
Dificuldades são obstáculos que todos nós enfrentamos para realizar algo que ainda não estamos aptos. Por exemplo, se eu não sei costurar terei dificuldade para fazer um vestido, mas se eu tomar um curso e tiver habilidade poderei fazê-lo bem e assim por diante.
Dizemos que uma criança tem dificuldades de aprendizagem quando algo não vai bem, ou seja, ela pode não aprender porque os pais estão separados e ele está sofrendo, pode não estar adaptado à nova escola, não ter se adaptado à forma de ensino da escola, ou pode realmente ser uma dificuldade que parta dela, aí devemos fazer o diagnóstico psicopedagógico clínico para verificar se há algum distúrbio.
Mas o que é um distúrbio?
Distúrbio é uma perturbação do organismo que pode ser de ordem física ou emocional. Podemos ter como distúrbio: os distúrbios da fala, distúrbios psicomotores, distúrbios na saúde física, distúrbios de comportamento etc.
A dislexia é um distúrbio da leitura que provoca uma dificuldade específica na aprendizagem para identificar símbolos gráficos, embora a criança tenha uma inteligência normal. Um disléxico possui várias dificuldades tais como: dificuldade de lembrança imediata; dificuldade para aprender séries como dias da semana; meses; etc.; dificuldade de orientar-se no espaço - de distinguir direita de esquerda; dificuldade em matemática por não entender a formulação do problema, pois é difícil ler.
A deficiência se caracteriza quando há uma imperfeição, uma insuficiência de algo. É um termo muito mais utilizado na psiquiatria do que na psicopedagogia.
Deficiência mental, por exemplo, quando alguém possui uma deficiência no sistema nervoso que a impede de seguir um curso normal.
Utiliza-se também na medicina, deficiência de vitaminas no organismo etc.
Utilizamos ainda o termo disfunção - É a perturbação de uma função, ou seja, algo que não está funcionando como deveria.
CONDEMARIN autor do livro dislexia define a dislexia como uma disfunção parietal ou parietal occipital geralmente hereditária ou às vezes adquirida, que afeta a aprendizagem da leitura num contínuo que se estende do sintoma leve ao severo.
TIPOS MAIS COMUNS DAS DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM (DA)


Segundo SMITH e STRICK (2001, p.36), as crianças com DA, geralmente lutam com alterações nas seguintes áreas básicas atenção, percepção visual, processamento da linguagem ou coordenação muscular.
Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH)

As conseqüências podem ser diversas, como a falta de atenção, impulsividade e agressividade. A criança que faz parte desse quadro tende a ser desorganizada, desleixada, desastrada, com isso recebe repreensões freqüentes, que prejudicam sua auto-imagem. É necessário tentar inverter esse círculo vicioso, reforçando a criança em pequenas atitudes positivas, para que perceba que é capaz de realizar coisas importantes e volte a acreditar em si, melhorando sua produção.
O déficit de atenção pode estar associado ou não a Hiperatividade.
Ocorre predominantemente em meninos com início antes dos 7 anos. Muitas vezes há história de movimentos acentuados da criança intra-útero, distúrbios do sono no primeiro ano e excesso de movimentos aos 3-4 anos de idade.
Na pré-escola e início do 1º ano há dificuldade de atenção para os conteúdos ensinados, não param na carteira, perdem a atenção frente a qualquer estímulo externo, são impulsivos, perdem o material, não se organizam nas tarefas, etc.
Este quadro neurológico está relacionado às disfunções neuro-químicas (neurotransmissores) que ocorrem principalmente na Substância Reticular (no tronco cerebral) e gânglios da base. Assim, até 50% dos casos podem-se beneficiar com medicamentos estimulantes ou antidepressivos.
O tratamento medicamentoso deve ser acompanhado de mudanças de conduta da família, escola e de outras pessoas do ambiente da criança.
Apoio psicopedagógico e outras terapias (Psicoterapia, Fonoaudiologia) devem ser indicadas quando necessárias. A maioria das crianças com este transtorno não necessitam ser encaminhadas à educação especial, só em casos graves.


Lista de verificação de sintomas de transtorno de déficit de atenção hiperatividade.

Os déficits de atenção ocorrem com ou sem hiperatividade. Existem também crianças que são primeiramente hiperativas e impulsivas e têm menos problemas de atenção. De acordo com o manual mais usado pelos profissionais para identificação do TDAH, seis ou mais sintomas de qualquer das listas a seguir sugerem a presença do transtorno:

a) Desatenção:- com freqüência deixa de prestar atenção a detalhes ou comete erros por descuido em atividades escolares, de trabalho ou outras;
b) com freqüência, tem dificuldades em manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas;
c) com freqüência parece não escutar, quando lhe dirigem a palavra;
d) com freqüência, não segue instruções e não termina os deveres escolares e tarefas domésticas;
e) com freqüência tem dificuldades para organizar tarefas e atividades;
f) com freqüência, reluta em envolver-se em tarefas ou atividades ou evita-as (por exemplo, tarefas escolares ou deveres de casa);
g) com freqüência, perde coisas (como brinquedos, tarefas de casa, livros, lápis);
h) distrai-se facilmente com visões e sons irrelevantes;
com freqüência, apresenta esquecimento em tarefas diárias;
Hiperatividade e Impulsividade:
a) com freqüência, retorce as mãos e os pés, remexendo-se na cadeira;
b) com freqüência, deixa a cadeira na sala de aula ou em outras situações nas quais se espera que permaneça sentado (como mesa de jantar);

c) corre e sob demasiadamente nos objetos em situações nas quais isso é impróprio;
d) tem grande dificuldade em brincar em silêncio;
e) com freqüência, está “a mil” ou age como se “impulsionada por um motor”;
f) fala excessivamente;
g) com freqüência, dá respostas precipitadas antes de as questões terem sido completadas;

h) com freqüência, tem dificuldade de esperar sua vez;
i) com freqüência, interrompe ou intromete-se nos assuntos de outros (intromete-se em conversas e brincadeiras).
Eleuzair Cunha Neves

Referências:
Smith & Strick, 2001, p. 39 - Adaptado de Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 4ª ed. 1994. Washington, DC. American psychiatric Association.
SMITH, Corinne, STRICK, Lisa. Dificuldades de Aprendizagem de A a Z. Porto Alegre, RS: Ed. Artmed, 2001.

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