A DOCE FALA CUIABANA

  • "Essa minina, ispia aquí, dexa di sê besta, ocê memo, tô falano cocê, dexa de tchi, tchi tchi”.
  • Iô tenho essa cara de mocorongo e di bobo, mas quando iô zango viro um lobo! Fico fulo de reiva, aí a coisa fica feia. Iô num gosto quano tô falano, otro burro fica zurrano, mea vó dizia quano um burro richa, otro mucha as oreia.
  • Esseotro dia tchegô lá em casa, um sujeitinho mitido, qui só veno ranzinza, mal acabado e falante.
  • Começô, esses crianças, recramá daquí.
  • Que nossas ruas é torta, só serve prá carroça, e pro pé da tchgente matchucá.
  • Esses crianças, num tê conto nada, fiquei tiririca da vida, sortano fogo pelas venta, mi deu inté um baita suadô. Por poco não lhe dou um soco, um catiripapo, no pé do escuitadô.
  • Que farta de educação, falá da terra aeiia, inda cô dedo cutucano o nariz, tirano carne seca, que farta de asseio. Inda pra piorá, deu uma guspada, feito cagada de pato, no canto da casam prá despois a tgchente limpá.
  • Erre bichinho bem feio, num sei nem donde veio, branco e incardido, qui nem coró, cô cara de rato, ripiado, seboso qui nem mocotó. Zombano, tirano sarro do nosso falá.
  • Paresque qui isquiceu, qui tá em Cuiabá, lugá onde valente fala poco, num foge da raia, moça dereita não roda a saia, e só se dá japa como troco. Inda se falasse certo, veio cum tar de nós vai, nós foi, nós é.
  • Água verva e barriga verde soprano uma cuia quente cô uma borra verde, qui pra eles é café.
  • Esses minina, fiquei fulo pra catiça, minha vontade era de isganá, tirá tripa dele como limpo curimbatá.
  • Mas... iô sô cristão, de crisma e premera comunhão, fui logo na missa, pra pedi meu perdão.
  • Cuiabano quanu tá quieto, por baixo oiano pode vê qui tá aprontano! Ele ispia, vai assuntano, logo vai apelidano.
  • Iô num sô tocera, mas cidade boa prá bestera, como Cuiabá, num há, tchgente digoreste, qui trabaia contente, no seu jeito di trabaiá. Num veve di cobiça nem recrama, faz o que pode, no temo que avança.
  • Num é apressado, i só coloca o tchapéu, onde os braço ascança."
Fonte: Moisés Mendes Martins Júnior (1997)membro da Academia Mato-grossense de Letras

Comentários

  1. Vôte! Agora o que que é esse?
    Cuiaabazaum...sou cuiabana e tenho muito orgulho!
    Ficou muitoooo baum sô!!
    Bjus

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