DISCALCULIA

O estudo de dificuldades de aprendizagem de cálculo, conhecido por termos tais como “dificuldades de aprendizagem de matemática” “desordem aritmética”, “dificuldades matemáticas específicas”, “desordem do desenvolvimento aritmético”. “discalculia evolutiva”. Todos estes termos se referem a sujeitos que apresentam dificuldades escolares especificas em matérias escolares básicas, neste caso, o cálculo.
O portador de discalculia comete erros diversos na solução de problemas verbais, nas habilidades de contagem, nas habilidades computacionais, na compreensão dos números. Trata-se, pois, de sujeitos sem problemas físicos e emocionais, com uma inteligência normal, com baixos níveis de rendimentos escolares em cálculo e/ou na resolução de problemas matemáticos.
O ensino do discalculico deverá ser feito individualmente e com auxilio de materiais concretos. Explorar a estrutura e a leitura do cálculo, trabalhando sempre com muitos estímulos visuais.
Segundo Johnson e Myklebust, existem alguns distúrbios que poderiam interferir nesta aprendizagem a saber:

Distúrbios de memória auditiva –
a) A criança não consegue ouvir os enunciados que lhes são passados oralmente, sendo assim, não conseguem guardar os fatos, isto lhe incapacitaria para resolver os problemas matemáticos;

b) Problemas de reorganização auditiva: a criança reconhece o número quando ouve, mas tem dificuldade de lembrar do número com rapidez.

2. Distúrbios de leitura
a) Os disléxicos e outras crianças com distúrbios de leitura apresentam dificuldade em ler o enunciado do problema, mas podem fazer cálculos quando o problema é lido em voz alta. É bom lembrar que os disléxicos podem ser excelentes matemáticos, tendo habilidade de visualização em três dimensões, que as ajudam a assimilar conceitos, podendo resolver cálculos mentalmente mesmo sem decompor o cálculo. Podem apresentar dificuldade na leitura do problema, mas não na interpretação.
b)
3. Distúrbios de percepção visual - a criança pode trocar 6 por 9, ou 3 por 8 ou 2 por 5 por exemplo. Por não conseguirem se lembrar da aparência elas têm dificuldade em realizar cálculos.

4. Distúrbios de escrita - Crianças com disgrafia têm dificuldade de escrever letras e números.

Estes problemas dificultam a aprendizagem da matemática, mas a discalculia impede a criança de compreender os processos matemáticos.
Kocs (apud García, 1998) classificou a discalculia em seis subtipos, podendo ocorrer em combinações diferentes e com outros transtornos.

1. Discalculia Verbal - dificuldade para nomear as quantidades matemáticas, os números, os termos, os símbolos e as relações;
2. Discalculia Practognóstica - dificuldade para enumerar, comparar e manipular objetos reais ou em imagens matematicamente;
3. Discalculia Léxica - Dificuldades na leitura de símbolos matemáticos;
4. Discalculia Gráfica - Dificuldades na escrita de símbolos matemáticos;
5. Discalculia Ideognóstica – Dificuldades em fazer operações mentais e na compreensão de conceitos matemáticos;
6. Discalculia Operacional - Dificuldades na execução de operações e cálculos numéricos.

Na área da neuropsicologia as áreas afetadas são:

· Áreas terciárias do hemisfério esquerdo que dificulta a leitura e compreensão dos problemas verbais, compreensão de conceitos matemáticos;
· Lobos frontais dificultando a realização de cálculos mentais rápidos, habilidade de solução de problemas e conceitualização abstrata.
· Áreas secundárias occípito-parietais esquerdos dificultando a discriminação visual de símbolos matemáticos escritos.
· Lobo temporal esquerdo dificultando memória de séries, realizações matemáticas básicas.

De acordo com Johnson e Myklebust a criança com discalculia é incapaz de:

· Visualizar conjuntos de objetos dentro de um conjunto maior;
· Conservar a quantidade: não compreendem que 1 quilo é igual a quatro pacotes de 250 gramas.
· Seqüenciar números: o que vem antes dos 11 e depois dos 15 – antecessor e sucessor.
· Classificar números.
· Compreender os sinais +, - , ÷, ×.
· Montar operações.
· Entender os princípios de medida.
· Lembrar as seqüências dos passos para realizar as operações matemáticas.
· Estabelecer correspondência um a um: não relaciona o número de alunos de uma sala à quantidade de carteiras.
· Contar através dos cardinais e ordinais.

Os processos cognitivos envolvidos na discalculia são:

1. Dificuldade na memória de trabalho;
2. Dificuldade de memória em tarefas não-verbais;
3. Dificuldade na soletração de não-palavras (tarefas de escrita);
4. Não há problemas fonológicos;
5. Dificuldade na memória de trabalho que implica contagem;
6. Dificuldade nas habilidades visuo-espaciais;
7. Dificuldade nas habilidades psicomotoras e perceptivo-táteis.

De acordo com o DSM-IV, o Transtorno da Matemática caracteriza-se da seguinte forma:
· A capacidade matemática para a realização de operações aritméticas, cálculo e raciocínio matemático, encontra-se substancialmente inferior à média esperada para a idade cronológica, capacidade intelectual e nível de escolaridade do indivíduo.
· As dificuldades da capacidade matemática apresentadas pelo indivíduo trazem prejuízos significativos em tarefas da vida diária que exigem tal habilidade.
· Em caso de presença de algum déficit sensorial, as dificuldades matemáticas excedem aquelas geralmente a este associada.
· Diversas habilidades podem estar prejudicadas nesse Transtorno, como as habilidades lingüísticas (compreensão e nomeação de termos, operações ou conceitos matemáticos, e transposição de problemas escritos em símbolos matemáticos), perceptuais (reconhecimento de símbolos numéricos ou aritméticos, ou agrupamento de objetos em conjuntos), de atenção (copiar números ou cifras, observar sinais de operação), e matemáticas (dar seqüência a etapas matemáticas, contar objetos e aprender tabuadas de multiplicação).


Quais os comprometimentos?

· Organização espacial;
· Auto-estima;
· Orientação temporal;
· Memória;
· Habilidades sociais;
· Habilidades grafomotoras;
· Linguagem/leitura;
· Impulsividade;
· Inconsistência (memorização).


Referências

CARRAHER, Terezinha Nunes (Org.). Aprender Pensando. Petrópolis, Vozes, 2002. GARCÍA, J. N. Manual de Dificuldades de Aprendizagem. Porto Alegre, ArtMed, 1998. JOHNSON, D.J e MYKLEBUST, H.M. Distúrbios de aprendizagem: princípios e práticas educacionais. Tradução Marília Zanella Sanvincente. 2ª Ed. São Paulo: Pioneira, 1987
JOSÉ, Elisabete da Assunção, Coelho, Maria Teresa. Problemas de aprendizagem. São Paulo, Ática, 2002.
RISÉRIO, Taya Soledad. Definição dos transtornos de aprendizagem. Programa de (re) habilitação cognitiva e novas tecnologias da inteligência. 2003. Links:
http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp?id=133 http://www.juliannamartins.ubbi.com.br/pagina2.htmlhttp://www.psicopedagogiabrasil.com.br/disturbios.htm acessado 25 de mar. 200 - Simaia Sampaio .Psicopedagogo Clínica.

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