QUARESMA

Quaresma


A Quaresma é o período de 40 dias, o que vem antes Páscoa no calendário cristão. Começando na quarta feira de cinzas, a Quaresma é uma época de reflexão e preparação antes das celebrações da Páscoa. Ao observar os 40 dias da Quaresma, os cristãos revivem o sacrifício de Jesus Cristo e a retirada para o deserto por 40 dias. A Quaresma é marcada pelo jejum, tanto de alimentos e festividades. Considerando que a Páscoa celebra a ressurreição de Jesus após a sua morte na cruz, a Quaresma recorda os acontecimentos que levaram, inclusive, a crucificação de Jesus por Roma.

As igrejas cristãs que observar a Quaresma, no século 21 (e não todos de forma significativa) usam-a como um tempo de oração e penitência. Apenas um pequeno número de pessoas hoje em dia segue o rito de jejuar durante toda a Quaresma, embora alguns sustentam a prática de guardar a quarta-feira de Cinzas e Sexta-feira Santa. Qualquer que seja o sacrifício é um reflexo da privação de Jesus no deserto e um teste de autodisciplina.



Por 40 dias?


40 é um número significativo nas Escrituras judaico-cristãs:

• Em Gênesis, o dilúvio que destruiu a terra foi provocado por 40 dias e 40 noites de chuva.

• Os hebreus passaram 40 anos no deserto antes de chegar à terra prometida a eles por Deus.

• Moisés jejuou por 40 dias antes de receber os dez mandamentos no Monte Sinai.

• Jesus passou 40 dias em jejum no deserto, em preparação para seu ministério.



Por que é chamado de Quaresma?


A palavra "Quaresma" vem do latim "quadragésima", isto é, "quarenta", e está ligada a acontecimentos bíblicos, que dizem respeito à história da salvação: jejum de Moisés no Monte Sinai, caminhada de Elias para o Monte Horeb, caminhada do povo de Israel pelo deserto, jejum de Cristo no deserto etc.. Como se vê, é um tempo, pois, cheio de reminiscências bíblicas, o que dá mais ainda à liturgia uma profunda conotação com a história da salvação. Com a Quaresma tem início o ciclo da páscoa chamado, liturgicamente, de tempo de preparação penitencial para a Páscoa, a Quaresma, a exemplo também do Advento, tem dois momentos distintos: o primeiro vai da Quarta-Feira de Cinzas até o Domingo da Paixão e de Ramos, e o segundo, como preparação imediata, vai do Domingo de Ramos até à tarde de Quinta-Feira Santa, quando se encerra então o tempo quaresmal e se inicia o Tríduo Pascal.
O tempo da Quaresma é tempo privilegiado na vida da Igreja. É o chamado tempo forte, de conversão e de mudança de vida. Sua palavra-chave é: "metanóia", ou seja, conversão. Nesse tempo se registram os grandes exercícios quaresmais: a prática da caridade e as obras de misericórdia. O jejum, a esmola e a oração são exercícios bíblicos de piedade, até hoje recomendáveis, na imitação da espiritualidade judaica. No Brasil, durante a Quaresma, realiza-se a Campanha da Fraternidade, com sua proposta concreta de ajuda aos irmãos, na vivência evangélica, focalizando sempre um tema da vida social. Dois sacramentos estão também na linha pastoral da Quaresma: o Batismo e a Penitência. Somos, pois, chamados a tomar consciência de nossa fé batismal, assumindo-a mais vivamente, como também a vivermos a dimensão penitencial de nossa vida, sobretudo pelo sacramento da Penitência ou Confissão.

A cor púrpura

A cor litúrgica deste tempo é a púrpura (roxo) que simboliza a penitência e a contrição. Usa-se no tempo da Quaresma e do Advento. Nesta época do ano, os campos se enfeitam de flores roxas e róseas das quaresmeiras. Antigamente, era costume cobrir também de roxo as imagens nas igrejas. Na nossa cultura, o roxo lembra tristeza, luto, dor, sofrimento da crucificação e segundo porque o roxo é a cor associada com a realeza, e celebra a ressurreição de Cristo e da soberania. Isto porque na Quaresma celebramos a Paixão de Cristo: na Via-Sacra contemplamos Jesus a caminho do Calvário


Significado das cinzas


Desde a antiguidade, existe o costume de cobrir a cabeça com cinzas, para expressar a submissão a Deus e a decisão de mudar de vida. Foi assim que Davi se cobriu com cinzas para pedir perdão de seu adultério e mudar de vida.
Foi assim que os Ninivitas se cobriram com cinzas para mostrar sua mudança de vida, após os 40 dias de pregação de Jonas.
Foi assim que a Igreja exigia que os penitentes públicos – que tinham cometido homicídio, um pecado público – passassem os 40 dias da Quaresma, cobertos de cinzas, nas portas das igrejas.
A Quarta-Feira de Cinzas existe desde o século 8º, com imposição das cinzas na cabeça do cristão, para que se reconheça limitado, fraco e imperfeito, convertendo seu comportamento para Deus e mudando sua vida.
Estas ‘cinzas’ são resultado dos ramos secos, usados no Domingo de Ramos do ano passado, que foram guardados e agora incinerados.
Os ramos passam pelo fogo purificador do sofrimento, do aniquilamento do egoísmo e orgulho.
Essa passagem pelo fogo é Páscoa, mudança de vida e transformação de comportamento.
Assim aqueles ramos ‘vitoriosos’, que simbolizaram a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, iniciando o caminho da cruz para o calvário, estão reduzidos a cinzas.
Essas cinzas lembram que Deus se reduziu à morte de cruz, para nos dar a vida eterna, a libertação da morte.
As cinzas significam também, que devemos tomar consciência de nossos limites para motivar a mudança e a purificação de nossa vida.
A imposição das cinzas em nossa cabeça significa, ainda, que a comunidade quer nos proteger, nos cobrir de energia e nos dar todas as forças e bênçãos de Deus.
Por isso, o rito das cinzas não pode ser para o povo uma cerimônia vazia ou de caráter mágico.
Esse rito quer colocar a pessoa humana em seu verdadeiro lugar diante de Deus, dos outros e da natureza.
O rito das cinzas quer nos deixar com o coração purificado, com a cabeça despojada e desprendida, e com a vontade disposta e decidida.
O tempo, como o fogo, reduz a cinzas nossa vida exuberante.
Tudo o que tem vida, com o tempo, envelhece, enfraquece, enruga, murcha, se torna pó.
O grão, colocado na terra, morre para frutificar.
A mortificação dos sentidos para fortalecer o espírito e o despoja-se da ambição para se voltar aos irmãos e a Deus, é o sentido das Cinzas hoje.

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